A gastronomia é uma arte que permite converter o ato de comer num prazer para os sentidos e para o inteleto. É a utilização das técnicas culinárias, apenas conhecidas por alguns cozinheiros, e o empenho e carinho utilizados na elaboração dos pratos, que constituem a verdadeira gastronomia e proporcionam ao comensal verdadeira satisfação.
A apreciação de uma refeição, faz-se relativamente aos alimentos servidos, e é aqui que reside o prazer gastronómico.
O ato de comer, pode trazer uma sensação de simples vulgaridade, ou então, de grande prazer e emoção.
Os Concursos Gastronómicos do Concelho de Odivelas, que contam com a participação de restaurantes do concelho, pretendem dar a conhecer o verdadeiro prazer gastronómico, através da confeção de pratos da gastronomia saloia, característicos desta região.
Ao nível da doçaria, propõe-se a doçaria conventual, tentando recuperar a tradição deixada pelo Mosteiro de S. Dinis de Odivelas.
Deixar as várias origens e pluralidades presentes em Odivelas, misturarem-se com a tradição secular deixada pelas monjas do convento de Odivelas, e com a herança dos habitantes saloios e dos seus hábitos alimentares.
Apostamos na realização dos concursos gastronómicos, como elementos de divulgação e reabilitação de grande importância para o património alimentar, potenciando a recuperação da culinária das tradições culturais do Concelho. Procuramos ainda, afirmar a restauração como um dos componentes do produto turístico, promovendo-a como um serviço organizado e de qualidade que o Concelho pode oferecer.
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A Doçaria Conventual
A história da humanidade está intimamente ligada à história dos alimentos, desde os seus sistemas de produção aos modelos de consumo. Na medida em que a alimentação ocupa um lugar central na vida humana é tomada como um referencial da cultura e um objeto de apropriação diferenciada em múltiplos contextos sociais.
Devido ao seu sabor agradável e às suas propriedades energéticas, o mel foi sempre adotado pelos povos da antiguidade como elemento integrante das refeições festivas, domésticas ou sacrificiais. Em Portugal, antes de se usar o açúcar, preparavam-se as doçarias com mel. Até à Idade Média, o açúcar tinha um uso estritamente medicinal. Em 1456 é exportado o primeiro açúcar madeirense para Inglaterra e, com a descoberta e colonização do Brasil, inicia-se a cultura intensiva do açúcar.
O conceito de «doçaria conventual» está, assim intimamente relacionado com a difusão do açúcar nas cozinhas dos mosteiros a partir dos finais do Séc. XX. Foi essencialmente nos conventos femininos que a confeção de doces atingiu o seu expoente máximo.
O Convento de Odivelas foi, sem dúvida, um dos que mais contribuiu para a doçaria de Portugal.
As suas especialidades em confeitaria e doçaria, fabricadas pelas freiras bernardas fizeram tradição. Destacam-se a célebre Marmelada de Odivelas, os Suspiros de Amêndoa, as Raivas, os Tabefes, os Esquecidos, o Toucinho do céu, entre outros.
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A Ementa Alimentar da "Zona Saloia"
A gastronomia é uma forma de expressão cultural, através da qual uma região e a sua comunidade local, afirmam a sua identidade cultural - porque decorrente dos seus modos de vida, constituindo-se como um importante elemento caracterizador de cada região.
Em termos de gastronomia nacional, o Concelho de Odivelas insere-se na "região da Estremadura", com todas as características daí decorrentes. Pela sua localização na denominada "zona saloia" - historicamente constituída pela zona de campo, às portas da cidade de Lisboa, caracterizada pelo seu caráter produtivo, mas também pelo seu caráter de lazer, devido às suas características ambientais, como as águas e os pinhais de Caneças, entre outros -, o Concelho de Odivelas tem a tipicidade gastronómica desta zona.
A ementa alimentar da "zona saloia" pode caracterizar-se por um receituário tradicional, onde se destacam como característicos os seguintes pratos:
- de carne de porco: "carolos de porco"; "entrecosto com grelos"; "pézinhos de leitão à saloia"; "pézinhos de porco com ovos"; "favas saloias"; "favas à antiga".
- de caça: "coelho no tacho"; "coelho à caçadora à nossa moda".
- de bacalhau: "bacalhau às cores"; "bacalhau à D. Rosa da Pontinha"; "bacalhau com grão"; "sopa seca de bacalhau"; "escoado de bacalhau"; "açorda seca de bacalhau"; "caldo de bacalhau".
- as sobremesas: "arroz doce rico"; "tijelada"; queijadas "serrana" e de "vila do rei"; "filhós"...